OS COITEIROS

 

                   Coiteiro (ou couteiro) quer dizer: “guarda de coutada”. Coutada, por sua vez, é a terra onde a caça é proibida. Deriva-se, pois, de coito (ou couto).

                   Couto (ou coito) compreende-se por terra coutada ou aquela onde se podiam asilar os criminosos, onde não entrava a justiça do rei (em Portugal e no Brasil-colônia). Contudo, o sentido lato do vocábulo “coito” (do latim coitus, junção) significa cópula ou relação sexual.

                   Isentando-nos do purismo castiço da lusa língua, a variação “Coiteiro” aplicada no nordeste brasileiro significa, segundo Ferreira: “aquele que dá coito, [homízio], [refúgio] ou asilo a bandidos [ou alguém de reputação suspeita]". (2000 p. 162)

                   Para que entendamos o grau de ampliação dado, recorro a Prata, que assim o diz: “Para ser acusado do crime de dar coito a Lampião não é preciso mais que o abrigue durante uma noite, alimente-o, ou lhe forneça armas ou dinheiro. Ser coiteiro para a polícia é servir-lhe um copo d’água numa rápida parada de sua marcha incessante; é vê-lo passar ao longe, e não ir, pressuroso, delatá-lo; é topá-lo na estrada e responder às perguntas que lhe forem feitas; é, enfim, todo aquele que voluntária ou involuntariamente tenha com ele o mais leve contato. A estes chamaremos ‘pseudo-coiteiros’.” (1985 p. 102)

                        Conforme Prata (1985 p. 102-109) a classificação de coiteiro comporta três categorias:

A primeira delas diz-se do “coiteiro-involuntário” que protege o bandido premido pelo medo, sabendo que pagará com a vida qualquer inconfidência ou delação feitas.

A segunda diz-se do “coiteiro-vingativo” que age para tirar desforra por alguma ofensa a si ou familiares, por diferentes causas.

A terceira diz-se do “coiteiro-comerciante” que age para auferir proveito pecuniário sobre o fornecimento de víveres, armas e munições, por preço usurários e além do mercado.

   A essas nós poderíamos acrescentar mais:

A quarta diz-se do "coiteiro-agradecido" que age em gratidão por receber (ou ter recebido) favores e dinheiro, em retribuição aos mesmos.

A quinta diz-se do "coiteiro-político" que era, nada mais nada menos que, o chefe político da região ou coronel-coiteiro, na busca de proteção ou mais poder.

                   O mais famoso “coiteiro” foi Pedro de Cândida - (e não Pedro Cândido ou Pedro de Cândido), segundo D. Cyra Bezerra em conversa com este autor. Corroborado, também, por Araújo (1985 p. 238), nesta assertiva. - Quando este levou o Tenente Bezerra e sua coluna para o “coito” de Lampião na grota do Angico na manhã (5h30) de 28 de julho de 1938, onde o mesmo pereceu - juntamente com Maria Bonita e mais 9 cangaceiros - em cruento combate.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

FERREIRA, Aurélio B. de H. O minidicionário da língua portuguesa.

    (miniAurélio Século XXI – escolar)

    Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2000.

 

PRATA, Ranulfo. Lampião. Op. cit.

 

_____, Idem, ibidem.

 

ARAUJO, Antonio A. C. de. Op. cit.

 

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